quinta-feira, maio 28, 2009

Trintões de Hoje



Já tinha recebido e lido alguns e-mails engraçados sobre o que foi crescer nos anos 80. Mas na semana passado recebi um verdadeiramente especial e de destaque, por dois motivos: a pessoa que mo enviou (ahhh, aquelas conversas sobre tudo e sobre nada, em que se aprende tanto...) e o autor do texto, do qual sou fiel ouvinte na Antena 3. Portanto, aqui fica, com a salvaguarda de que vale mesmo a pena ler! (sim, eu também detesto longos e-mails escritos e, honestamente, não os leio. Mas há excepções e esta é uma delas).


ARTIGO DE NUNO MARKL P/ OS TRINTÕES


A juventude de hoje, na faixa que vai até aos 20 anos, está perdida.
E está perdida porque não conhece os grandes valores que orientaram os que hoje rondam os trinta.
O grande choque, entre outros nessa conversa, foi quando lhe falei no Tom Sawyer.
'Quem?', perguntou ele. Quem?! Ele não sabe quem é o Tom Sawyer! Meu Deus... Como é que ele consegue viver com ele mesmo?
A própria música: 'Tu que andas sempre descalço, Tom Sawyer, junto ao rio a passear, Tom Sawyer, mil amigos deixarás, aqui e além...' era para ele como o hino senegalês cantado em mandarim.
Claro que depois dessa surpresa, ocorreu-me que provavelmente ele não conhece outros ícones da juventude de outrora.
O D'Artacão, esse herói canídeo, que estava apaixonado por uma caniche; Sebastien et le Soleil, combatendo os terríveis Olmecs; Galáctica, que acalentava os sonhos dos jovens, com as suas naves triangulares; O Automan, com o seu Lamborghini que dava curvas a noventa graus; O mítico Homem da Atlântida, com o Patrick Duffy e as suas membranas no meio dos dedos; A Super Mulher, heroína que nos prendia à televisão só para a ver mudar de roupa (era às voltas,lembram-se?); O Barco do Amor, que apesar de agora reposto na Sic Radical, não é a mesma coisa. Naquela altura era actual...
E para acabar a lista, a mais clássica de todas as séries, e que marcou mais gente numa só geração: O Verão Azul.
Ora bem, quem não conhece o Verão Azul merece morrer. Quem não chorou com a morte do velho Shanquete, não merece o ar que respira. Quem, meu Deus, não sabe assobiar a música do genérico, não anda cá a fazer nada.
Depois há toda uma série de situações pelas quais estes jovens não passaram, o que os torna fracos:Ele nunca subiu a uma árvore!
E pior, nunca caiu de uma. É um mole.
Ele não viveu a sua infância a sonhar que um dia ia ser duplo de cinema.
Ele não se transformava num super-herói quando brincava com os amigos.
Ele não fazia guerras de cartuchos, com os canudos que roubávamos nas obras e que depois personalizávamos.
Aliás, para ele é inconcebível que se vá a uma obra.
Ele nunca roubou chocolates no Pingo-Doce. O Bate-pé para ele é marcar o ritmo de uma canção.
Confesso, senti-me velho...
Esta juventude de hoje está a crescer à frente de um computador.
Tudo bem, por mim estão na boa, mas é que se houver uma situação de perigo real, em que tenham de fugir de algum sítio ou de alguma catástrofe, eles vão ficar à toa, à procura do comando da Playstation e a gritar pela Lara Croft.
Óbvio, nunca caíram quando eram mais novos. Nunca fizeram feridas, nunca andaram a fazer corridas de bicicleta uns contra os outros.
Hoje, se um miúdo cai, está pelo menos dois dias no hospital, a levar pontos e fazer exames a possíveis infecções, e depois está dois meses em casa fazer tratamento a uma doença que lhe descobriram por ter caído.
Doenças com nomes tipo 'Moleculum infanticus', que não existiam antigamente.
No meu tempo, se um gajo dava um malho muitas vezes chamado de 'terno' nem via se havia sangue, e se houvesse, não era nada que um bocado de terra espalhada por cima não estancasse.
Eu hoje já nem vejo as mães virem à rua buscar os putos pelas orelhas, porque eles estavam a jogar à bola com os ténis novos.
Um gajo na altura aprendia a viver com o perigo.
Havia uma hipótese real de se entrar na droga, de se engravidar uma miúda com 14 anos, de apanharmos tétano num prego enferrujado, de se ser raptado quando se apanhava boleia para ir para a praia.
E sabíamos viver com isso. Não estamos cá? Não somos até a geração que possivelmente atinge objectivos maiores com menos idade?
E ainda nos chamavam geração 'rasca'... Nós éramos mais a geração 'à rasca', isso sim. Sempre à rasca de dinheiro,sempre à rasca para passar de ano, sempre à rasca para entrar na universidade, sempre à rasca para tirar a carta, para o pai emprestar o carro. Agora não falta nada aos putos.
Eu, para ter um mísero Spectrum 48K, tive que pedir à família toda para se juntar e para servir de presente de anos e Natal, tudo junto.
Hoje, ele é Playstation, PC, telemóvel, portátil, Gameboy, tudo.
Claro, pede-se a um chavalo de 14 anos para dar uma volta de bicicleta e ele pergunta onde é que se mete a moeda, ou quantos bytes de RAM tem aquela versão da bicicleta.
Com tanta protecção que se quis dar à juventude de hoje, só se conseguiu que 8 em cada dez putos sejam cromos.
Antes, só havia um cromo por turma. Era o totó de óculos, que levava porrada de todos, que não podia jogar à bola e que não tinha namoradas.
É certo que depois veio a ser líder de algum partido, ou gerente de alguma empresa de computadores, mas não curtiu nada.'
(Nota: ...os chocolates não eram gamados no 'Pingo Doce'... Ainda se chamava 'Pão de Açúcar'!!!)

quinta-feira, maio 14, 2009

É sempre a mesma coisa... Que aborrecido!


O projecto-lei do PS para impôr a inclusão obrigatória da educação sexual nos projectos educativos das escolas vai hoje ser viabilizado por todas as bancadas parlamentares - foi o que comecei a ouvir no rádio, logo de manhã, a caminho do trabalho.
Do tal projecto, sei apenas que para além da exigência da inclusão obrigatória da educação sexual nos agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas, o diploma socialista impõe também a existência de um professor coordenador para esta matéria e que, designadamente no secundário, seja dado conhecimento aos jovens da legislação e serviços a que podem recorrer no âmbito da saúde sexual reprodutiva.
Este projecto-lei dá corpo às conclusões do grupo de trabalho para a educação sexual coordenado por Daniel Sampaio, e prevê também a distribuição gratuita de preservativos nas escolas.
Muito bem, pensei eu. Mesmo sem saber todos os detalhes do tal projecto-lei, parece-me uma excelente medida, já que por aqui ainda é um tremendo tabu falar de sexo com os pais. Com os pais, ou seja, aqueles que deveriam ser os principais agentes da educação sexual (e não só) dos filhos - mas que não são. E como não são, alguém (leia-se Estado) tem de fazer esse papel. Porque a mim parece-me que interessa a todos - Governo incluído, claro - que a vida sexual de cada um seja iniciada e continuada de forma consciente e informada. Ou não? Pois... Parece que não é assim para todos...
A Igreja Católica, que todos sabemos, tem sempre um imenso interesse e opina muito sobre tudo o que envolva sexo, não vê isto com com bons olhos. O que não me espanta, afinal é um assunto que não domina e quando não se domina algum assunto o mais natural é sermos do contra.
A lei, que prevê a distribuição gratuita de preservativos aos alunos do secundário, é uma lei que deve ser cumprida também pelos colégios católicos com apoio do Estado - o que me parece bastante óbvio, já que me pareceria uma discriminação se assim não fosse.
Mas as escolas católicas dizem que não vão cumprir a legislação, porque consideram inconcebível que o Governo queira obrigar a acatar uma lei que vai contra a consciência católica. “Se temos um projecto educativo com determinados valores, temos o direito de alegar objecção de consciência”, foi o que disse um dos padres questionados sobre o assunto.

Continuei a ouvir o rádio. Mas já ia perdida nos meus pensamentos... Entre eles, aquela questão de "mas são mais que os outros? não vão cumprir e lei? o que é que tem a ver com isto?", para logo a seguir filosofar sozinha. É que isto é tão só e apenas uma questão pateta - se os valores que passam nesses colégios às crianças são assim tão relevantes e importantes, porque que estão preocupados com a distribuição dos preservativos? Se são eficazes na passagem da mensagem e valores católicos, certamente todos os meninos e meninas irão virgens para o casamento e só terão relações sexuais para procriar. Não será assim? Ou estão preocupados com a ineficácia de uma mensagem que no século XXI faz tudo, menos sentido?
Mais - mesmo que assim não seja e uma jovem rapariga ou rapaz fure esta visão das coisas e inicie a sua vida sexual, não será melhor que tenha todas as informações necessárias e preservativos à mão? Naquela... ser uma pessoa consciente e informada. E até pode estar num colégio católico, que ninguém lhe leva a mal. Tirando os padres, claro.

Bom... É mais uma vez a Igreja Católica no seu melhor estilo, na promoção da ignorância do rebanho que lhe teima em fugir. E ainda se espantam eles com tamanha debandada...

quinta-feira, maio 07, 2009

Anathema com peso certo!



Quem estivesse ontem a passar em frente ao Teatro Sá da Bandeira e não soubesse que lá dentro estaria prestes a começar um concerto de Anathema, pensaria - tanto jovem vestido de preto e longos cabelos para verem o Fernando Mendes na Revista à Portuguesa O Peso Certo?? (QUE MEDO!) Tal era o tamanho do cartaz da dita peça ostentado no exterior do edifício. Também pudera... Com o tamanho do referido senhor, só mesmo um cartaz grande. Muito grande. XXXL.

Mas adiante - ninguém estava lá por causa de revistas ou de pesos certos - estava tudo era a preparar-se para ver um concerto de Anathema. Que foi excelente e com um surpreendente público à altura do acontecimento ;)
Segundo ouvi dizer, as lágrimas ficaram todas em Almada - aqui não houve choradeira, mas sentia-se muita emoção naquele palco.

A repetir, numa próxima oportunidade.

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